domingo, 15 de maio de 2011

A liga ZON-Sagres: O resumo

                         
Esta será a primeira crónica do "Olhar Futebolístico".

Vamos fazer um resumo geral do que foi a liga ZON-Sagres este ano, assim como vamos falar individualmente de cada equipa.

Confesso que não sou apologista da liga com 16 clubes, pois apesar de conseguir perceber a diferença da nossa liga para as principais ligas europeias (Inglaterra, Espanha, Alemanha, Itália e Alemanha), acho que não reflecte a real valia dos clubes portugueses que, como ficou provado este ano, batem-se de igual para igual com equipas desses campeonatos. Sou mais a favor de um campeonato com 18 equipas, o que proporcionaria mais jogos e consequentemente mais receitas. Em relação a esta época, apenas teve um sentido: FC Porto. Desde o início que o clube portista não deu hipóstese à concorrência, deixando cedo para trás os principais rivais, para isso contribuiu e muito a dupla Falcão/Hulk. Contudo, não assistimos apenas a um FC Porto forte, mas também a um Benfica e Sporting fracos, assim como um Sp. Braga aquém do esperado. Pelo meio da tabela, assistimos a uma luta interessante pela Europa (V. Guimarães, Nacional, P. Ferreira e Rio Ave) que acabou por ser ganha pelos dois clubes com mais recursos, assim como também assistimos a equipas que não ambicionavam mais que a permanência (Académica, Olhanense, U. Leiria, Beira-Mar e Marítimo, Portimonense, V. Setúbal e Naval), algumas praticando bom futebol, outras nem por isso, mas já lá vamos. Por último, uma palavra à arbitragem, que dentro do nosso campeonato continua a ser demasiado "controlada" pelos "poderosos" e que tem de o deixar de ser. É óbvio que é impossível um campeonato inteiro não ter casos, o futebol é rico em casos, mas esses casos podem ser diminuídos de forma a tornar mais justa a nossa liga.
Começando com as análises individuais das equipas e pela ordem da tabela classificativa:

FC Porto: Uma equipa demolidaora, 84 pontos em 90 possíveis, 0 derrotas. Ninguém, no campeonato, conseguiu fazer frente a uma poderossísima equipa do FC Porto, que contou com uma dupla de avançados (Falcão/Hulk) em grande forma, assim como um meio campo reforçado com Moutinho (que enfraqueceu o Sporting e acrescentou qualidade ao plantel da equipa portista) e uma defesa muito segura, sobretudo desde a chegada de Otamendi. Para além do 11 inicial, o plantel de André Villas-Boas tinha sobretudo uma segunda linha muito forte, que mais nenhuma equipa na liga portuguesa possuía, como são os casos de Guarín, James Rodriguez ou Cristian Rodriguez, o que possibiltava uma maior rotação dentro da equipa. Em relação ás escolhas de Villas-Boas, não se percebe o desaparecimento de Fucile por Sapunaru (não está em causa a grande época do romeno, mas sim o porquê de o uruguaio ter perdido a titularidade depois de um grande Mundial.)

Benfica: Era uma época para provar que a anterior não tinha sido por acaso, contudo, o Benfica não correspondeu ás exigências e acabou por realizar uma má época. A saída de Di María para o Real Madrid e a saída de Quim (titular na época da conquista do campeonato) não foram devidamente colmatadas, pois Gaitán demorou a adaptar-se apesar do bom jogador que é e Roberto deitou por terra todas as esperanças que se depositava nele, segundo, muito provavelmente um dos maiores flops de sempre do campeonato português. A saída de David Luiz também desfalcou ainda mais a defesa do Benfica, um dos calcanhares de Aquiles deste ano. A permanência de Cardozo também não trouxe grandes frutos, pois agora parece estar de saída e por metade do preço com que acenaram no final da época passada. No meio desta época fraca, a estrela maior foi Fábio Coentrão que estará a caminho de um colosso europeu. Em relação a Jorge Jesus, não se percebe a insistência em Roberto, Peixoto e em Saviola, que, sobretudo no caso do terceiro, está em baixo de forma, assim como não se percebe a não utilização de Nuno Gomes.

Sporting CP: Uma época desastrosa, mas que corresponde ao plantel que o clube leonino tem. A contratação de Paulo Sérgio para treinador mostra a fraca ambição dos dirigentes, ainda para mais quando os pedidos do treinador não são conseguidos em dois períodos de transferências. A época fica marcada pela falta de eficácia da equipa leonina, pelas más contratações realizadas (Maniche, Cristiano, Hilderbrand e Tales), assim como não corresponderam ao que era exigido as aquisições Evaldo (Não era melhor ao nivel da margem de progressão e do preço ter ido buscar Silvio, ao Rio Ave?), Nuno André Coelho e Zapater. Para além das entradas falhadas (Torsiglieri e Valdes são os únicos que escapam) também houve saídas que não se percebem: João Moutinho, Miguel Veloso e mais recentemente Liedson, eram três dos jogadores mais valorizados do plantel e foram vendidos por tuta e meia. No meio de toda esta confusão, houve eleições ganhas por Godinho Lopes, mas que não foram totalmente claras do ponto de vista ético. No final, da equipa acabaram por sobressair Rui Patricio, André Santos, João Pereira e mais recentemente começou-se a ver um "cheirinho" do que Matias Fernandez pode valer.

Sp. Braga: Expectativas elevadas em Braga depois do 2º lugar alcançado. A primeira volta da Liga correu muito mal, estando a equipa arsenalita a oscilar entre o 7º e 8º lugar do campeonato. Contudo e apesar de não ter passado da fase de grupos, conseguiu dignificar o clube na Liga dos Campeões conquistando o terceiro lugar do grupo, isto depois de ter eliminado o Celtic e o Sevilha no apuramento para a prova milionária. A segunda volta do campeonato foi totalmente diferente, mostrou-nos um Braga mais seguro de si próprio, que através de uma grande segunda volta conseguiu chegar à última jornada a lutar pelo 3º lugar contra o Sporting. Foi uma época positiva e Domingos alcançou o objectivo proposto de ficar em 3º ou 4º lugar, e ainda falta a final da Liga Europa. Nesta época, sobretudo na primeira volta destaque para Lima, e na segunda volta destaque para Artur Moraes e Custódio. Contudo, na nossa opinião, Alan foi quem mais se destacou na turma arsenalista.

V. Guimarães: O Vitória conseguiu reunir um conjunto de jogadores experientes, mas ao mesmo tempo com uma boa margem de progressão. Manuel Machado conseguiu formar uma equipa competitiva que consegue ombrear com os principais emblemas do nosso escalão, contudo ainda falta um ou dois jogadores "foras de série" mas a equipa subir a um patamar superior. Na equipa vitoriana de destacar o médio Toscano, o avançado Edgar, o central João Paulo, assim como jovens jogadores como João Ribeiro e N' Diaye.

Nacional: O Nacional teve uma época de altos e baixos, não conseguindo manter um nivel exibicionavel bom, trocou de treinador já na segunda volta: saiu Jokanovic e entrou Ivo Vieira que voltou a colocar a equipa na luta pela Europa e conseguindo esse objectivo. De destacar na equipa as contratações de Mihelic (21 anos) e Diego Barcellos, outro bom valor é João Aurélio, contudo, quem mais sobressaiu na equipa insular foi o avançado Mateus, uma flecha sempre apontada à baliza contrária.

P. Ferreira: Uma das boas surpresas da época, Rui Vitória fez uma aposta de risco mas colheu frutos dessa mesmo aposta, lançando jovens jogadores portugueses, como são so casos de David Simão, Caetano, Bura e Nélson Oliveira. Uma das equipas mais portuguesas em prova provou que os jogadores nacionais também são bons e que existe muita matéria-prima, sobretudo nos escalões mais baixos, para ser explorada.Este ano serve de exemplo para muitas equipas que apostam sobretudo no mercado brasileiro e que muitas vezes dão "tiros no escuro".

Rio Ave: A par do P. Ferreira foi outra das surpresas da época. Com um João Tomás em grande forma e uma equipa bem orientada por Carlos Brito, o Rio Ave demonstrou que o orçamento disponivel não é tudo e que com um os orçamentos mais baixos da liga conseguiu formar uma equipa muito competitiva. Destaque para João Tomás, a estrela maior deste conjunto.

Marítimo: Uma equipa do Marítimo que começou com Van Der Gaag como treinador, mas que acabou por sair substituído por Pedro Martins, devido aos resultados não estarem a serem os esperados pela direcção maritimista. Com Djalma, Kléber (entretanto compromentidos com o FC Porto) e Baba a serem as grandes referências da equipa, o Marítimo de Pedro Martins andou sempre a meio da tabela e nunca conseguiu dar um passo à frente na luta pela Europa. De salientar, uma "descoberta" nesta equipa do Marítimo: Roberge.

U. Leiria: Um caso difícil de avaliar. A U. Leiria oscila entre bons momentos de futebol e momentos que faz puro anti-jogo. Sem jogadores com nome, excepção feita a José António e com duas boas surpresas esta época como são os casos de Diogo Amado e Gottardi. O Leiria de Pedro Caixinha conseguiu a manutenção com relativa facilidade, mas sem mostrar um nivel exibicional muito elevado, o que leva a ser uma das equipas menos atractivas da nossa liga.

Olhanense: A Olhanense foi mais outro caso de um bom começo de campeonato e que na segunda volta caiu de rendimento. Com um plantel sem grandes estrelas conseguiu a manutenção tranquilamente. Na primeira metade da época evidenciou-se Jardel (que entretanto se transferiu para o Benfica). Na segunda metade da época , não houve grandes evidências apesar de bastante contrbuto que alguns jogadores deram como são os casos de Maurício, Moretto, Djalmir e João Gonçalves. Nota ainda para a contratação de Dady, mas que pouco mostrou tendo em conta o seu estatuto dentro do plantel e no nosso campeonato.

V. Setúbal: Ao V. Setúbal exigia-se mais, não por ter um maior orçamento como o da Académica, mas sim por ter um plantel mais completo. Plantel onde constam nomes com Valdomiro, Cláudio Pitbull, Miguelito, Ricardo Silva e Neca tem de fazer muito mais do que apenas conseguir a manutenção na penúltima jornada. Manel Fernandes queixou-se do plantel da época passada mas com o plantel deste ano fomado por ele não conseguiu fazer melhor. Duas notas: uma para a coragem de Bruno Ribeiro em assegurar o comando técnico da equipa e outra para a descoberta do jovem médio Zeca, de apenas 21 anos.

Beira-Mar: Uma das revelações da primeira volta. Leonardo Jardim com pouco fez muito, levando o Beira-Mar a ocupar o oitavo posto do campeonato. Houve jogadores muito interessantes que se evidenciaram como são os casos de Rui Rego, Djamal, Kanu e Rui Sampaio. Uma equipa muito interessante mas que com a saída de Leonardo Jardim (a caminho de Braga, pelos vistos) e com a entrada de Rui Bento perdeu na segunda volta o fulgor da primeira.

Académica: Uma das equipas de que se exigia muito mais e que pouco ou nada mostrou. Com um orçamento muito acima das equipas com quem lutou, a Académica esteve sempre na mó de baixo e nunca se conseguiu evidenciar. Uma das equipas que mais anti-jogo mostrou no nosso campeonato e onde quase ninguém se destaca além de Éder ou Peiser. Maném-se na Liga injustamente.

Portimonense: Uma das equipas que mais futebol pratica no nosso campeonato, mas que desceu de divisão injustamente. Frente a equipas mais fortes conseguiu jogar sempre olhos nos olhos e causando muitas dores de cabeça a essas mesmas equipas (inclusive, ás denominadas grandes). De um conjunto que vale como uma equipa e não individualmente, acabou por sobressair: Ricardo Pessoa e o avançado Pires, que marcou golos importantes mas que não chegaram para o Portimonense se manter na primeira divisão.

Naval: A equipa mais fraca da Liga, claramente. Começou logo no ínicio da época com a escolha de Zvunka para o comando técnico, treinador sem nenhum conhecimento do nosso campeonato e que cedo se verificou que não duraria muito nos figueirenses. Sem estrelas e apenas com Fábio Júnior, Marinho e Gódemeche como estrelas maiores, a estadia da Naval na principal divisão do nosso país acabou. Uma equipa sem soluções e que pouco fez para conseguir o objectivo da manutenção.

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